domingo, 23 de agosto de 2009

Repensando práticas

Por Carlos Pereira
Amigo Clímaco,

Acerca do Autocrítica no Centro Espírita, entendo que esta sua boa provocação deveria ser permanente no nosso movimento espírita como um processo natural de reavaliação das nossas práticas.
Se por um lado, como bem observado, existem as casas vazias, há que se perguntar o que fazem as casas cujas frequências são mais "populosas".

Algumas rápidas inferências, entre várias possíveis, neste sentido, daquilo que a minha experiência também pode apontar:
1. Contextualização da mensagem espírita. Geralmente há temas interessantes e a preocupação de que esta pauta tenha aderência ao dia a dia das pessoas, aderente à realidade social como escreveu Wilson Garcia em seu comentário neste blog;
2. Afetividade nas Relações. As pessoas se tratam efetivamente como irmãos e não apenas da boca para fora. São afetivas na recepção, no atendimento, na integração das atividades da casa e, principalmente, no cotidiano, tornando-se, com o tempo, amigos de verdade. Procuram ser espíritas pelo coração e não espíritas de aparência;
3. Expositores preparados. Boa vontade é importante, mas preparo é fundamental. Não se imagina aqui a criação de "divaldos",mas de pessoas que, mesmo com a simplicidade inerentes, possam transmitir uma mensagem com começo, meio e fim. Com um pensamento articulado. Com uma empatia com o público. Com conteúdo doutrinário consistente;
4. Outras formas de abordagem do conteúdo espírita. As "casas cheias" fazem oficinas, seminários, painéis de estudo, fóruns de debate etc. Apresentam novas alternativas de interação com o seu público. São mais pedagógicas e didáticas. São escolas do espírito, isto é, não apresentam o pensamento espírita na teoria, mas a sua aplicação prática na vida das pessoas;
5. Apelo espiritual. Há que registrar que os tratamentos espirituais atraem naturalmente público. Bem, o que estas casas estão fazendo com o público que atraem na direção da sua reeducação mental e emocional é outra história.
O fato é que temos um conteúdo extraordinário que está sendo mal trabalhado junto às comunidades, temos que reconhecer.
As nossas casas não estão preparadas para trabalhar com a diversidade, não sabem ser alteritárias.
Vejamos.
Aportam às nossas casas de aprendizagem do amor, em grau de escolaridade: analfabetos, com ensino fundamental, ensino médio, ensino superior e mais do que isso.
Chegam às nossas casas de reeducação espiritual, em característica de aprendizagem: cinestésicos, auditivos e visuais;
Aproximam-se das nossas casas de transformação moral: gente que nunca ouviu nada de espiritismo, gente iniciante, gente de um ano de doutrina, de cinco anos, de dez anos, de trinta anos...Todos num mesmo espaço de aprendizagem;
Recorrem às nossas casas de assistência espiritual: miseráveis, pobres, classe média e até alta.
Participam das nossas casas de paz e esperança: mentes dialógicas, migrantes digitais e nativos digitais;
Estão nas nossas casas de auxílio: negros, brancos, idosos, jovens, adultos, crianças.
E aí como operamos com esta diversidade? Desculpem a sinceridade, mas, de maneira geral, com muita incompetência. Daí não ser surpresa alguma falar-se para espíritos desencarnados nas nossas casas de regeneração moral.
Ademais, vivemos uma mudança de época e não apenas uma época de mudanças e as demandas são mais complexas do que num passado recente e muitas delas não se apercebem deste novo contexto espiritual.
Para debater estas e outras questões do repensar das nossas práticas, o Forespe 2009, com uma proposta refinada e focada na casa espírita, vai acontecer em novembro, dias 7 e 8, no Centro de Convenções de Pernambuco.
Agende-se!...ou vai continuar falando para as mesmas pessoas.
Avancemos com Jesus!

4 comentários:

  1. Os centros espiritas, de longe, nao se parecem com os centro de ensinos na espiritualidade, o que para mim é incompreensível. Vasta literatura nos mostra bons exemplos deles e nao entendo o porquê, de nao servirem de inspiraçao para os centros da Terra.
    Os ditos presidentes de centro devem ser os primeiros a detectarem os pontos positivos e negativos da casa. Infelizmente, muitos sobem nesse pedestal de líder e deixam de olhar para realidade, vislumbram apenas seus próprios assentos, fazem questao de se apresentarem como seres elevados; se acham ministros e sao os mesmos a condenarem a postura, similar, dos nossos semelhantes, líderes evangélicos.
    A vaidade é o grande corrosivo d'alma e muitos sao os que nao suportam se sentirem enfermos, pequenos, diminuidos etc., o que nos leva a buscar uma maneira mais sutil de fazê-los chegar nos centros, mais confiantes e ai permanecerem.
    Obviamente que nem sempre agradamos, afinal, se Jesus nao teve êxito com todos, que dirá de nós, meros mortais.
    Eu venho assistindo e ouvindo muitas palestras pelo Youtube, e até venho convertendo muitas delas em MP3 para ouví-las nas ruas e, venho reparando, que o Divaldo vem ganhando muitos imitadores, inclusive palestrantes de nome. Como eu nao vejo a imagem, apenas os ouço, chego a crer que é o Divaldo, mas nao é!
    Essa imitaçao é a instrospecçao feita de forma "involuntaria", pelo fato do individuo nao aceitar a sua própria condiçao de servidor. Ele gostaria de ser um Chico ou Divaldo, mas nao e nao aceita isso!
    Já ouvi palestras, ao vivo, que me levaram ao sono profundo! Entre cada frase, o palestrante dava pausas de quase 5 segundos! Nao há quem suporte isso! Deve ser alguma técnica - que desconheço - para hipnotizar os obsessores! Me senti o próprio, porque dormi!

    Hoje, vivendo no exterior, venho tentando acompanhar a doutrina, buscando fazer a minha parte de forma bem mais alegre, conforme eu acredito.
    Nao faz muito tempo que recebi um comentário, num post, de uma leitora que escreveu algo interessante sobre meu blog: que ele nao era um blog quadrado, massante, era agradável de se visitar.
    Eu creio que essa seja a receita que as pessoas buscam.

    Abraçao e me perdoe por ser tao longo.

    Barreto

    ResponderExcluir
  2. Muito bom Barreto. Esta história de imitação do Divaldo é impressionante. E o pior é que nem todos são uma imitação involuntária como vc bem descreveu. Há os capazes de ensaiar, decorar e treinar o tom do Divaldo para impressionar e se tornar reconhecidos... Lamentável.

    ResponderExcluir
  3. JESUS DEVE TER VINDO AQUI FAZER PAPEL DE PALHAÇO, MORRER NO LUGAR DE QUEM? SE A REENCARNAÇÃO NOS LEVA A PURIFICAÇÃO? SE O SANGUE DE JESUS NÃO LAVA PECADO, PRA QUE MORRRER?

    ResponderExcluir
  4. com certeza não ser aprovado.....

    ResponderExcluir

Deixe sua opinião aqui!